A Câmara dos Representantes e o Senado dos EUA votaram por esmagadora maioria a favor da divulgação pública das provas contra o falecido criminoso sexual Jeffrey Epstein. O projeto de lei segue agora para Trump para aprovação final.
Tanto a Câmara dos Representantes como o Senado dos Estados Unidos agiram de forma decisiva, na terça-feira, para aprovar um projeto de lei que obriga o Departamento de Justiça a divulgar publicamente os seus arquivos sobre o criminoso sexual condenado Jeffrey Epstein. Esta é uma notável demonstração de apoio a um esforço para ultrapassar a oposição do presidente Donald Trump e da liderança republicana.
O projeto de lei foi aprovado com 427 votos a favor, cinco abstenções e um contra.
Um pequeno grupo bipartidário de legisladores da Câmara apresentou uma petição em julho para contornar o controlo do presidente da Câmara, Mike Johnson, sobre os projetos de lei que chegam ao plenário. Na altura, parecia um esforço improvável, sobretudo porque Trump apelou aos seus apoiantes para descartarem o assunto como uma "farsa".
No entanto, tanto Trump como Johnson falharam nos seus esforços para impedir a votação. Agora, o presidente dos EUA cedeu ao crescente impulso por trás do projeto de lei e chegou a dizer que o assinaria se este fosse aprovado pelo Senado, a câmara alta do Congresso dos EUA.
Trump opôs-se veementemente à divulgação das provas contra Epstein mantidas pelo Departamento de Justiça, após alegações de que poderia estar pessoalmente envolvido.
As alegações causaram até divisões dentro da própria base MAGA (Make America Great Again), que pediu transparência sobre o assunto.
Trump prometeu, durante a sua campanha eleitoral de 2024, divulgar todas as provas contra Epstein caso fosse eleito — uma promessa que descartou quando regressou à Sala Oval no final de janeiro.
Numa tentativa de se defender e tranquilizar os seus apoiantes, Trump negou qualquer irregularidade, afirmando que não está pessoalmente implicado no caso de Epstein. O líder norte-americano alegou ter cortado relações com Epstein há anos.
Na segunda-feira, disse aos jornalistas que Epstein estava ligado a mais democratas e que não queria que este caso prejudicasse "o grande sucesso do Partido Republicano".
A pressão sobre Trump e os legisladores republicanos continuou a aumentar quando as sobreviventes dos abusos de Epstein se reuniram em frente ao Capitólio, na manhã de terça-feira. Seguravam cartazes e fotos de si mesmas quando eram adolescentes, contando as suas histórias de abuso.
"Estamos exaustas de sobreviver ao trauma e depois sobreviver aos conflitos políticos que o rodeiam", disse Jena-Lisa Jones, uma das sobreviventes dos abusos de Epstein.
A legisladora republicana Marjorie Taylor Greene juntou-se às manifestantes, em frente ao Capitólio dos EUA, para demonstrar o seu apoio. Há muito tempo que Greene defende a divulgação dos arquivos, tendo instado Trump, em várias ocasiões, a cumprir a sua promessa.
"Estas mulheres travaram a luta mais horrível que nenhuma mulher deveria ter de travar. E fizeram-no unindo-se e nunca desistindo", explicou Greene, republicana da Geórgia.
"Foi isso que fizemos ao lutar tão arduamente contra as pessoas mais poderosas do mundo, até mesmo o presidente dos Estados Unidos, para que esta votação acontecesse hoje", acrescentou.
Jeffrey Epstein foi acusado de traficar mulheres, muitas delas menores de idade, e forçá-las a praticar atos sexuais com os seus amigos, em grande parte empresários, legisladores e indivíduos ricos dos EUA e de outros países. Isto acontecia em festas, na sua ilha privada Little Saint James, nas Ilhas Virgens Americanas.
Muitas das pessoas mais ricas e influentes do mundo terão participado nas festas de Epstein, incluindo Donald Trump, Elon Musk, o ex-príncipe Andrew, Bill Gates, Bill Clinton e outros. Todos estes mantiveram a sua inocência e negaram qualquer irregularidade.
As alegações sobre os crimes de Epstein começaram a surgir em 2005. Este enfrentou acusações criminais pela primeira vez um ano depois, num tribunal da Florida, onde foi indiciado por uma única acusação de solicitação de prostituição.
Desde então, muitas outras vítimas se manifestaram, acusando Epstein de as traficar na sua ilha, juntamente com a sua parceira e cúmplice de longa data, Ghislaine Maxwell.
Epstein foi posteriormente preso em 2019, após mais de uma década de acusações. Foi acusado de tráfico sexual de menores e conspiração para cometer tráfico sexual de menores. Epstein morreu na prisão em agosto do mesmo ano, suicidando-se enquanto aguardava julgamento.