Síria: "Não é necessária uma resolução do Conselho de Segurança para intervir"

Síria: "Não é necessária uma resolução do Conselho de Segurança para intervir"
De  Euronews

Nial O’Reilly, euronews: Dois dias de conversações em São Petersburgo deixaram o G20 dividido, em vez da união que os participantes pretendiam. A Síria foi a razão desta fratura. Connosco temos agora o nosso enviado à Rússia, James Franey.

James, não houve nenhuma espécie de consenso relativamente a uma intervenção militar na Síria, mas houve algum sinal de um eventual compromisso entre os Estados Unidos e a Rússia? E os outros países?

James Franey, euronews: Não houve, de facto, nenhuma espécie de compromisso entre os dois lados da barricada. Vladimir Putin disse que vai continuar a fornecer armas ao regime de Bashar al-Assad independentemente do resultado do relatório dos inspetores da ONU. Quanto a Barack Obama, que enfrenta um voto no Congresso no dia 9 de setembro, não foi claro se avança com uma intervenção armada sem o apoio dos congressistas.

Nial O’Reilly, euronews: O ambiente no jantar de quinta-feira foi classificado de pesado, com algumas trocas azedas entre Obama e Putin. O que vão fazer os dois dirigentes em seguida?

James Franey, euronews: O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que a América e os seus aliados não devem subcontratar a política estrangeira. Ele utilizou também a palavra “moralidade” relativamente a um veto russo no Conselho de Segurança da ONU. Isto pode dar-nos alguma indicação sobre a forma como o presidente americano e os seus aliados encaram a questão síria, em particular que não é necessária uma resolução do Conselho de Segurança para intervir. Os Estados Unidos, o Reino Unido, a França e a Turquia apoiam-se no “direito de ingerência” e tratam o caso como uma intervenção humanitária pois sentem que existem bastantes casos de jurisprudência no direito internacional.

Nial O’Reilly, euronews: A questão síria não deixou muito espaço para tratar os restantes pontos da agenda. Os líderes do G20 podem reclamar alguns avanços significativos em matéria económica?

James Franey, euronews: O que os dirigentes do G20 assinaram aqui foi o calendário da implementação de um sistema para combater a evasão fiscal. Eles pretendem que em finais de 2015 esteja a funcionar uma troca automática de informações. Em princípio, os países do G20 deverão assinar um tratado vinculativo no qual darão o seu acordo para que esta troca de informações fiscais se processe. Por enquanto não há nada de concreto mas os próximos dois anos prometem muito trabalho nesta matéria.

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