Apesar das promessas de um governo "inclusivo", novo executivo não terá mulheres.
Os talibãs fizeram uma parada de vitória nas ruas de Cabul, usando material apreendido às tropas norte-americanas. É um desfile que antecedeu a apresentação do novo governo, que vai acontecer até ao fim da semana. Os dirigentes do movimento que retomou o poder no Afeganistão prometem criar um governo inclusivo, no seguimento das promessas que têm sido feitas de um regime mais suave que o do anterior governo talibã, No entanto, um desses dirigentes já afirmou que não irá haver mulheres no novo executivo.
A comunidade internacional está preocupada com o que pode vir deste novo governo talibã, depois da experiência do anterior regime, que vigorou até à invasão norte-americana em 2001. Além das questões de direitos humanos, há ainda as questões económicas. Metade da população afegã precisa de assistência humanitária para sobreviver.
Diz Michael Kugelman, vice-diretor par a Ásia do Wilson Center: "É um regime que não tem qualquer experiência política numa altura em que se vive uma grande crise política. Agora, a comunidade internacional vai cortar o acesso aos fundos por parte do novo governo talibã. Como acontece sempre, quem vai sofrer mais é o próprio povo do Afeganistão".
Em hospitais de todo o país, mulheres médicas temem pelo futuro e pelos empregos. Os talibãs prometeram que não vão impedir as mulheres de trabalhar nem de estudar, mas na memória de muitos está o terror do regime que vigorou entre 1996 e 2001, extremamente repressivo e que negava às mulheres quase todos os direitos básicos. A ONG Repórteres Sem Fronteiras diz que, das 700 mulheres jornalistas que o país contava há cerca de um ano, restam agora menos de cem.