Testemunhas e vítimas contam o que sofreram nas mãos das forças ocupantes na Ucrânia. Reconquista está a revelar as salas de tortura usadas pelos russos
Civis ucranianos estão a denunciar os atos de tortura e os abusos sofridos nas prisões russas para onde muitos têm sido enviados desde o início da invasão russa na Ucrânia a 24 de fevereiro.
Tal como milhares de outros civis, Olena Yahupova também já passou por uma prisão russa e conta o que sofreu numa das prisões de uma rede agora revelada por uma investigação da agência Associated Press, onde foram descobertas salas de tortura.
"Amarraram-me as mãos e os pés a uma cadeira de escritório e bateram-se na cabeça com uma garrafa de dois litros de água. Alternaram isto com a colocação de um saco de plástico na minha cabeça. Enrolavam-me fita-cola ao pescoço e uma pessoa chegou a apertar-me o nariz para que nem pudesse sequer inalar dentro do saco", recordou Yahupova.
Esta mulher foi inclusive obrigada a cavar trincheiras para ocultar os soldados russos na zona de Zaporíjia.
Imagens de satélite revelam também a construção de prisões, por exemplo na região fronteiriça russa de Rostov.
A retirada das tropas russas durante a contraofensiva ucraniana do ano passado permitiu expor salas de tortura em prédios e caves de diversas localidades que a Ucrânia ia retomando do controlo dos invasores.
O pai de Anna Vuikos desapareceu no decorrer da ocupação russa. A casa dele está agora vazia. Graças à informação de um prisioneiro entretanto libertado, Anna descobriu que o pai está detido em Kursk, na Rússia.
"Estou sob grande stress. Penso nisto todos os dias. Um ano passou e até mais do que um ano, mas quanto mas tem de passar? Há muitos civis ali, não é apenas o meu pai", lamenta-se Anna.
Cerca de 400 civis foram já libertados, juntamente com soldados, ao abrigo das diversas trocas de prisioneiros que têm ocorrido entre as partes.
A Ucrânia, ainda assim, estima haver pelo menos 10 mil civis ainda em prisões russas e a estes há ainda que somar as milhares de crianças separadas das famílias e levadas para a Rússia, num dos vários casos de alegados crimes de guerra cometidos por russos na Ucrânia e em investigação.