Arranca novo julgamento dos quatro egípcios acusados de matar estudante italiano Giulio Regeni

Pais de Giulio Regeni no exterior de um tribunal em Roma, onde decorre o julgamento do filho assassinado no Egito
Pais de Giulio Regeni no exterior de um tribunal em Roma, onde decorre o julgamento do filho assassinado no Egito Direitos de autor AP Photo
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Em 2021, um juiz de Roma suspendeu o julgamento no dia de abertura por não ter certeza de que os arguidos tivessem sido oficialmente notificados. Em setembro, o Tribunal Constitucional italiano deu luz verde ao julgamento sem notificação oficial porque o Egito recusou dar as moradas dos acusados.

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Quatro altos responsáveis de segurança do Egito começaram esta terça-feira a ser julgados à revelia por um tribunal de Roma, acusados do rapto, tortura e assassínio de Giulio Regeni, um estudante italiano de doutoramento, no Cairo, em 2016.

Os pais do estudante assassinado marcaram presença na sessão de abertura e ergueram cartazes à porta do tribunal com a mensagem, "Verdade para Giulio Regeni".

Os arguidos não estarão presentes no julgamento por estarem em parte incerta. Por esse motivo, o advogado nomeado para representar um deles, afirmou que, mesmo que fossem condenados, "não iriam certamente cumprir as suas penas".

A audiência de abertura de terça-feira assinala a segunda vez que os quatro oficiais de segurança egípcios vão a julgamento no âmbito do caso do assassinato de Giulio Regeni. Em 2021, um juiz de Roma suspendeu o julgamento no primeiro dia, argumentando que não havia certezas de que os arguidos tivessem sido oficialmente informados das acusações.

Em setembro, o Tribunal Constitucional italiano decidiu que o julgamento podia prosseguir mesmo sem notificação oficial dos réus, porque as autoridades egípcias se tinham recusado a fornecer as moradas.

O crime abalou gravemente as relações diplomáticas entre a Itália e o Egito, e os deputados italianos acusaram mais tarde as autoridades do Cairo de serem "abertamente hostis" às tentativas de julgar os suspeitos.

Giulio Regeni, que era aluno de doutoramento de Cambridge e tinha na altura 28 anos, estava na capital egípcia a fazer investigação sobre a criação de sindicatos independentes no Egito, tópico sensível para as autoridades do país, e mantinha contactos com os opositores do governo. Foi raptado em janeiro de 2016 e o corpo foi encontrado nove dias depois, largado nos arredores da capital egípcia, com evidentes sinais de tortura.

A mãe de Giulio disse que o corpo do filho estava tão mutilado que só conseguiu reconhecer-lhe a ponta do nariz quando o viu.

Ativistas de direitos humanos afirmaram que as marcas no corpo de Giulio se assemelhavam às resultantes da tortura generalizada nas instalações da Agência de Segurança Egípcia.

Vários emails anónimos publicados no jornal La Reppublica em 2016 e uma fonte do jornal La Stampa indicaram que Regeni tinha sido torturado pelo chefe da polícia de Gizé, Khaled Shalabi, condenado anteriormente por este tipo de ações.

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