O chanceler alemão Olaf Scholz disse que as autoridades estão a investigar o assunto "com muito cuidado, muito intensamente e muito rapidamente".
As autoridades alemãs abriram um inquérito depois de ter sido publicada na Rússia uma gravação áudio dos militares do país a discutir a ajuda à Ucrânia.
No clip de 38 minutos, os oficiais discutem o fornecimento a Kiev de mísseis de longo alcance, Taurus. Estas potentes armas têm sido muito solicitadas pela Ucrânia, mas até agora Berlim tem recusado.
No sábado, o chanceler alemão, Olaf Scholz, considerou a fuga de informação - que é uma fonte de embaraço para o exército do país - um "assunto muito sério".
Acrescentou que as autoridades estavam a trabalhar para esclarecer o assunto "com muito cuidado, muito intensamente e muito rapidamente".
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, a Alemanha tem debatido se deve enviar os mísseis de cruzeiro germano-suecos para Kiev.
Em janeiro, o Bundestag da Alemanha votou com uma clara maioria contra a medida, entre preocupações sobre as consequências se a Ucrânia usasse armas alemãs para atacar a Rússia.
Alguns temem uma possível retaliação de Moscovo se forem atingidos alvos no interior do território russo, o que poderia levar a Alemanha a entrar mais diretamente na guerra.
Outros afirmam que os mísseis dariam um impulso muito necessário ao esforço de guerra da Ucrânia, que atualmente está estagnado e enfrenta novos avanços russos.
Na gravação que foi intercetada, oficiais militares discutem como os mísseis Taurus poderiam ser usados pela Ucrânia.
O Ministério da Defesa da Alemanha afirmou estar a investigar se as comunicações dentro da força aérea foram intercetadas pela Rússia.
Em comunicado divulgado pela agência noticiosa alemã DPA, o Ministério da Defesa afirmou: "De acordo com a nossa avaliação, uma conversa dentro da Força Aérea foi intercetada. Não podemos dizer com certeza se foram feitas alterações à versão gravada ou escrita que está a circular nas redes sociais".
Margarita Simonyan, editora-chefe do canal de televisão estatal russo RT, publicou o áudio nas redes sociais.
"Nesta... gravação, oficiais de alta patente da Bundeswehr discutem como vão bombardear (atenção!) a ponte da Crimeia", escreveu no Telegram.
Na conversa, um oficial alemão mencionou uma viagem planeada à Ucrânia para coordenar ataques a alvos russos, afirmou Simonyan.
A Alemanha é atualmente o segundo maior fornecedor de ajuda militar à Ucrânia, a seguir aos Estados Unidos, onde os esforços para fornecer mais assistência têm sido bloqueados no Congresso.
Espera-se que Berlim aumente o apoio este ano.
Scholz bloqueou durante meses o pedido da Ucrânia de mísseis Taurus, que têm um alcance de até 500 quilómetros.
O chanceler há muito que sublinha a sua determinação em ajudar a Ucrânia sem arrastar o país membro da NATO para a guerra, salientando que nenhum soldado alemão irá para a Ucrânia.
"Não enviaremos soldados europeus para a Ucrânia. Não queremos uma guerra entre a Rússia e a NATO. E faremos tudo o que pudermos para a evitar", disse Scholz numa reunião do Partido dos Socialistas Europeus em Roma, no sábado.
Na segunda-feira, o presidente francês Emmanuel Macron afirmou que o futuro envio de tropas ocidentais para o terreno na Ucrânia não está "excluído".
A Alemanha, a Polónia e outros países aliados rapidamente se distanciaram da sua sugestão.