Eleitores são chamados às urnas em setembro, nos estados da Saxónia, Turíngia e Brandemburgo, onde o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha poderá obter a sua maior percentagem de votos.
PUBLICIDADENo momento em que os eleitores se preparam para ir às urnas nos estados alemães da Saxónia, Turíngia e Brandemburgo, em setembro próximo, os grupos minoritários estão preocupados com a potencial ascensão da Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita.
As próximas eleições estaduais poderão marcar a mais forte demonstração eleitoral da AfD até à data, com o partido a registar cerca de 30% das intenções de voto na Turíngia.
Majid Albunni, um refugiado sírio que se tornou cidadão alemão depois de ter fugido da guerra em 2013, é um dos que exprimem as suas preocupações.
Albunni, que espera poder votar em futuras eleições, exorta outras pessoas a manifestarem-se contra a ascensão do AfD. “Aqueles que não gostam, ou pelo menos eu sei que não gostam destas ideias, estão calados e isso é uma desilusão”, disse Albunni. “Precisamos de ser ativos como agentes pró-democracia, precisamos de mostrar que somos a maioria, e acredito que somos a maioria”.
Comunidade judaica também está preocupada
A delegação do Comité Judaico Americano em Berlim publicou também um panfleto que descreve a ideologia antissemita do AfD e as suas ligações ao extremismo.
Apesar das garantias de outros partidos políticos de que não formarão coligações com o AfD, o comité adverte que ainda há riscos. “Talvez vejamos, depois das eleições estaduais, que será muito difícil para os outros partidos formarem uma coligação sem o AfD”, explicou Remko Leemhuis, diretor do escritório do Comité Judaico Americano em Berlim. “Isso pode significar um sistema político bloqueado, sem um governo funcional”.
O Conselho Central dos Judeus na Alemanha fez eco destas preocupações, sublinhando as implicações nacionais das eleições estatais: “A extrema-direita tem uma rede política e está a tentar alcançar o poder político. Isto torna-a particularmente perigosa para a nossa democracia liberal e, consequentemente, para a vida judaica”, afirmou Nils Lange, porta-voz do Conselho.
Para além da política local e nacional, as políticas do AfD podem ter consequências mais vastas.
O partido propôs a realização de um referendo sobre a saída da Alemanha da União Europeia, uma medida que Gokay Sofuoglu, presidente da Comunidade Turca na Alemanha, acredita que pode ameaçar todo o sistema europeu. “O AfD é um partido antissemita, antimuçulmano e antidemocrático. É também o partido que nega o fascismo e o Holocausto”, afirmou Sofuoglu.
Migração e refugiados na agenda do partido
O debate sobre migração e refugiados, uma questão central na plataforma do AfD, foi reacendido por acontecimentos recentes, incluindo um ataque fatalna cidade de Solingen, no oeste da Alemanha, alegadamente levado a cabo por um cidadão sírio.
O AfD aproveitou rapidamente o incidente para utilizar na sua campanha, mas Albunni mantém-se esperançado. “Continuo a acreditar que a sociedade alemã é bem-educada e consegue distinguir entre um indivíduo extremista e um grupo de pessoas”, afirmou.
À medida que as eleições se aproximam, os avisos dos grupos minoritários sublinham o impacto significativo que estes resultados poderão ter tanto na Alemanha como na Europa em geral.