Houve promessas de investimento e de melhor cooperação política, mas a Nicarágua discordou do parágrafo que manifesta "profunda preocupação com a atual guerra contra a Ucrânia", no documento de conclusões da cimeira UE-CELAC, terça-feira, em Bruxelas.
A declaração política conjunta saída da cimeira foi assinada, formalmente, apenas por Charles Michel, presidente do Conselho Europeu (órgão que rúne os 27 líderes da União Europeia) e Ralph Gonsalves, que preside atualmente à Comunidade dos Países da América Latina e das Caraíbas (CELAC), sendo primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas.
O texto foi endossado por 59 representantes dos 60 países (27 da UE e 33 da CELAC), tendo a Nicarágua mantido a oposição à referência sobre a guerra na Ucrânia, no final da cimeira, em Bruxelas.
"Estamos extremamente satisfeitos por termos conseguido alcançar uma posição muito forte de 60 países à volta da mesa, membros da UE e da CELAC. Constatei, com o meu colega Ralph Gonsalves, que é o copresidente desta cimeira, que apenas um país não conseguiu chegar a acordo sobre um parágrafo", referiu Charles Michel.
Outro parágrafo polémico teve a fazer com o passado colonial de alguns Estados-membros europeus. No final, a declaração lamenta o sofrimento infligido aos milhões de escravos traficados, mas não foi incluída uma menção a medidas de compensação.
Acordos comerciais concluídos e outros em vias disso
A cimeira serviu, sobretudo, para relançar os laços económicos e comerciais. A Comissão Europeia comprometeu-se a investir 45 mil milhões de euros em mais de 130 projetos, em vários setores industriais nos países da CELAC.
Também foram assinados vários acordos comerciais, incluindo um memorando de entendimento com o Chile, sobre importação de matérias-primas.
"É a primeira vez que podemos discutir e falar claramente sobre um mecanismo para acabar com o extrativismo na América Latina e a ideia de que a América Latina é apenas um produtor de matérias-primas e que não deve industrializar essa produção primária", disse Alberto Fernández, presidente da Argentina.
"É a primeira vez que podemos falar de extrativismo sem culpas. Meio a brincar, meio a sério, foram precisos cinco séculos, mas finalmente conseguimos", acrescentou.
Já a ratificação do acordo UE-Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguais, Uruguai) deverá ocorrer só no final do ano.
A União Europeia está a tentar contrabalançar a crescente influência da China na região, que é agora o segundo maior parceiro comercial da região, a seguir aos EUA.