Presidente francês falou ao país pela primeira vez depois de dissolver o parlamento e convocar eleições antecipadas.
O presidente francês Emmanuel Macron apelou esta quarta-feira aos políticos moderados à esquerda e à direita a procurarem formas de se unirem para derrotarem a extrema-direita nas próximas legislativas.
Recorde-se que o presidente francês dissolveu a Assembleia Nacional depois da vitória do partido de extrema-direita Rassemblement National, liderado por Jordan Bardella, ter conseguido uma vitória expressiva nas eleições europeias.
Macron pediu aos "mulheres e homens de boa vontade que conseguem dizer 'não' aos extremos para se juntarem e construírem um projeto conjunto" para o país.
Falando em conferência de imprensa pela primeira vez desde que convocou eleições antecipadas, o presidente francês admitiu que não podia ignorar a nova realidade política, depois de o seu partido liberal pró-europeu ter obtido menos de metade do apoio do partido de extrema-direita de Le Pen.
"Hoje, as coisas são simples: temos alianças antinaturais nos dois extremos, que não concordam em nada, exceto nos empregos a partilhar, e que não serão capazes de implementar qualquer programa", defendeu Macron, que tem ainda três anos para cumprir no seu segundo mandato presidencial.
Intervenção focada em assuntos internos
Ao contrário de intervenções mais recentes - centradas em assuntos internacionais, como a Ucrânia - desta vez Macron focou-se em questões internas que marcam a agenda da extrema-direita, que ganhou as eleições europeias. Entre estas questões está a imigração, o crime e o islamismo.
A decisão de dissolver a Assembleia Nacional vai levar os franceses de novo às urnas, apenas três semanas depois de terem votado nas eleições europeias. Nestas eleições, os franceses deram a vitória à extrema-direita e mostraram o descontentamento com o atual governo.
Mas Macron defendeu o trabalho do executivo: “Nós não somos perfeitos, não fizemos tudo bem, mas obtivemos resultados... E, sobretudo, sabemos o que fazer”.
O presidente francês rejeitou também as acusações de que a decisão de convocar eleições legislativas antecipadas pode ajudar a extrema-direita a tomar o poder em França pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.
“Trata-se de permitir que as forças políticas escolhidas pelos franceses possam governar”, afirmou durante a conferência de imprensa, acrescentando que considera “estranho pensar que tem de ser a extrema-direita ou os extremos políticos ou talvez o espírito de derrota esteja espalhado por todo o lado".
Partidos preparam-se para as eleições
Numa corrida contra o tempo, há vários apelos para uma frente unida contra a extrema-direita. Ospartidos de esquerda concordaram, na segunda-feira, em formar uma aliança que inclui os Verdes, os Socialistas, os Comunistas e o partido de extrema-esquerda de Jean-Luc Mélenchon, o França Insubmissa.
Apesar das diferenças acentuadas, esquerda e direita têm algo em comum: não querem cooperar com Macron. O líder do partido conservador Os Republicanos rejeitou uma aliança com Macron e defende uma aliança com extrema-direita.
Quanto ao Rassemblement National, a dirigente Marine Le Pen tem o objetivo de transformar o triunfo europeu numa vitória nacional e aproximar-se da conquista do poder. O partido de extrema-direita tem um historial de racismo e xenofobia.
Uma sondagem põe o partido de Le Pen à frente das intenções de voto. Isto apesar de o sistema eleitoral francês, com duas voltas, fazer com que o resultado das eleições seja difícil de prever.