Numas eleições cada vez mais concorridas, o antigo líder do Partido Socialista lançou uma candidatura “sem amarras”.
António José Seguro regressa à política portuguesa, ao apresentar no domingo a candidatura à Presidência da República. O antigo secretário-geral do PS tentou mostrar-se como uma figura que pode unir o centro político.
"Esta candidatura não é partidária nem nunca será”, disse o candidato.
"Eu não venho da política tradicional, do jogo da intriga, dos joguinhos de poder. Venho com vontade de servir Portugal com seriedade, independência e ação. Sou livre, vivo sem amarras", acrescentou.
A candidatura foi apresentada no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, a cidade onde tem vivido nos últimos anos. Antes de discursar, Seguro foi apresentado por um ator que encarnava a figura de Rafael Bordallo Pinheiro, conhecido caricaturista e ceramista da cidade.
Numa sala cheia, estavam presentes várias figuras do PS, como Álvaro Beleza, João Soares, Maria de Belém, Francisco Assis, Jamila Pereira ou Carlos Zorrinho. Mas não estava ninguém da atual direção do partido.
Neste momento, o próprio PS está a preparar uma nova liderança, depois do antigo líder, Pedro Nuno Santos, se ter demitido na sequência dos maus resultados nas legislativas. A moção do único candidato à liderança, José Luís Carneiro, refere que “o órgão competente” do partido “deve pronunciar-se, no momento próprio, sobre as candidaturas”.
Durante o discurso, Seguro também sublinhou a presença algumas patentes do Exército, da Marinha e da Força Aérea. Isto numa altura em que o favorito nas sondagens é precisamente um ex-militar, Henrique Gouveia e Melo.
António José Seguro sublinhou várias vezes a experiência política, num aparente contraste com Gouveia e Melo.
“Conheço o país real. Conheço a Europa. Sei o que está em jogo e sei como defender Portugal com firmeza e respeito. Não preciso de aprender no cargo. Chego preparado”, disse o candidato.
“Venho para mudar. Conheço bem o sistema político. Como político e como académico sempre lutei pela sua renovação e pelo seu sentido ético”, acrescentou.
Seguro também lançou farpas à extrema-direita ao dizer que “não há portugueses bons e portugueses maus, portugueses de primeira ou de segunda”.
“Acreditamos que no nosso país pode haver justiça para todos. Diante das incertezas, acreditamos que pode haver segurança. Perante sinais de ódio, acreditamos que pode haver tolerância. Diante da angústia, acreditamos que pode haver esperança”, disse.
E defendeu um presidente de uma diferente cor política do Governo ao dizer que Portugal “ganha quando não coloca todos os ovos no mesmo cesto”.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o Partido Social Democrata (PSD) apoiam a candidatura do antigo governante e comentador político Luís Marques Mendes.
“Não haverá um único momento ou tema que nos cause inquietação ou indignação que não mereça de mim o compromisso de pedir explicações, de perguntar a quem tem de ser questionado”, disse.
António José Seguro disse ainda que uma revisão constitucional não é prioridade. Em vez disso, sublinhou a necessidade de criar riqueza, promover o acesso à habitação e à saúde. Falou mesmo num “pacto para a prosperidade”.
António José Seguro é professor universitário. Esteve vários anos na política - onde foi deputado, eurodeputado, secretário de Estado e ministro ajunto - até chegar a secretário-geral do PS. Deixou o cargo em 2014, após ter sido derrotado por António Costa nas eleições primárias do partido.
As eleições presidenciais portuguesas decorrem em janeiro de 2026.