Voluntários estão a prestar apoio aos milhares de pessoas que chegam da Bielorrússia. No entanto, estado de emergência na Polónia proíbe associações humanitárias de chegar ao local, pondo em risco os migrantes.
Com o frio do inverno a chegar, torna-se cada vez mais difícil dar apoio aos milhares de pessoas que desde o verão tentam entrar sem documentos na União Europeia, através da fronteira entre e a Bielorrússia a Polónia.
Empurrados de um lado, retidos e devolvidos pelo outro, os migrantes acabam por viver num pingue-pongue político sem condições humanas. A única ajuda que chega vem pela mão de **voluntários. **Na vasta floresta da região, por vezes, encontram quem precisa graças a coordenadas de GPS enviadas por telemóvel.
A poucos quilómetros da floresta onde vários migrantes tentaram entrar, o quartel dos bombeiros da cidade de Michalowo foi transformado num armazém, onde os habitantes podem deixar bens essenciais para ajudar quem chega com pouco mais que a roupa do corpo.
Marysia Zlonkiewicz, trabalha com a associação humanitária Grupa Granica e salienta a importância do trabalho voluntário da comunidade.
"É muito importante mostrar-lhes solidariedade, calor humano, que não estão sozinhos. Por outro lado, têm muito medo das autoridades e dos guardas de fronteira, porque, quando se encontram com eles, voltam para a Bielorrússia", conta.
Recentemente o governo polaco instaurou um estado de emergência na fronteira com a Bielorrússia, impedindo o acesso de jornalistas e trabalhadores de associações humanitárias ao local.
Michalowo ficou conhecida quando guardas da fronteira enviaram um grupo de crianças e mulheres migrantes de volta para a floresta apesar dos pedidos de asilo.
Munida de cinco sacos repletos de roupa de inverno, Krystyna Luczewska, viajou da cidade de Bialystok até ao quartel para dar o seu contributo e gostaria de ver outros a ter um gesto semelhante.
"Alguns dos locais querem ajudar, outros ameaçam-nos, mas são seres humanos. E devem sempre ajudar outro ser humano", afirma.
Já as autoridades rejeitam as acusações.
"Nós ajudamo-los, levamo-los para o nosso centro [de refugiados]. Nunca, num milhão de anos, os magoaríamos. Essas afirmações de que estamos a levar os cartões de telemóvel e a espancá-los, são totalmente falsas", alega uma guarda de fronteira que preferiu não ser identificada.
De forma a impedir a entrada ilegal de pessoas na Polónia, o Senado aprovou, esta quarta-feira, a construção de um muro ao longo de toda a fronteira com a Bielorrússia, no valor de 350 milhões de euros.