Desinformação nas eleições turcas

Sophia Khatsenkova
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Foram muitas as ações de desinformação nestas eleições, mas a mais infame foi uma montagem de vídeo posta a circular, que supostamente mostrava o apoio de um grupo terrorista ao candidato da oposição.

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A Turquia vai a uma segunda volta depois de nem o presidente Recep Tayyip Erdoğan nem o seu principal rival Kemal Kılıçdaroğlu terem conseguido obter a maioria nas eleições presidenciais de domingo. Como nenhum candidato obteve mais de 50% dos votos, pela primeira vez na história, o país vai ser palco de uma segunda volta.

Até à data, a campanha eleitoral tem sido marcada pela desinformação de ambos os lados

Um dos vídeos mais virais foi este no Twitter. Diz mostrar Kemal Kılıçdaroğlu, dizendo aos espetadores "vamos juntos às urnas". Mais tarde, Murat Karayilan, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) - classificado como entidade terrorista na Turquia, na União Europeia e nos Estados Unidos - aparece no vídeo da campanha.

Erdoğan chegou mesmo a partilhar este clipe num comício, perguntando à multidão "se votaria num candidato apoiado por uma organização terrorista". Mas, como provaram vários sites de verificação de factos, este vídeo foi editado a partir de de dois vídeos diferentes.

Kılıçdaroğlu, por sua vez, culpou os "hackers estrangeiros russos" recrutados pela equipa de Erdoğan.

No Twitter, disse: "Caros amigos russos, vocês estão por detrás das montagens, conspirações, conteúdos e gravações Deep Fake que foram expostos neste país. Se querem a continuação da nossa amizade depois de 15 de maio, tirem as mãos do Estado turco. Continuamos a ser a favor da cooperação e da amizade".

No Twitter, Kılıçdaroğlu denunciou a falsidade do vídeo

Erdoğan respondeu de forma semelhante, alegando que "um exército de trolls" estava a trabalhar para o seu rival.

Os especialistas não têm a certeza se este tipo de táticas de desinformação influenciaram as eleições, mas tiveram um impacto na sociedade turca, de acordo com Suay Boulougouris, responsável pelo programa da ONG "Article 19".

"É necessário dizer que a coligação da oposição foi mais visada do que a coligação governamental. Penso que, como todos os alvos principais desta formação política, são normalmente os eleitores que não têm certezas ou que podem ser influenciados pela divulgação deste tipo de informação enganosa ou falsa. A intenção é influenciar as suas opiniões e decisões de voto. Não podemos dizer se isso foi decisivo para os resultados eleitorais, mas teve definitivamente um impacto sério na polarização da sociedade".

A segunda volta da eleição presidencial, considerada uma das mais importantes das últimas décadas, está marcada para o dia 28 de maio.

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