Estados Unidos confirmam fornecimento de bombas de fragmentação à Ucrânia

Bomba de fragmentação
Bomba de fragmentação Direitos de autor Mohammad Zaatari/AP2011
Direitos de autor Mohammad Zaatari/AP2011
De  Francisco Marques
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

A aprovação do Presidente Biden foi confirmada pelo Pentágono já depois das reações da NATO, da Alemanha e de...

PUBLICIDADE

O Presidente dos Estados Unidos aprovou o envio de bombas de fragmentação para a Ucrânia para ajudar na contraofensiva à invasão russa apesar de se tratar de uma arma proibida por muitos países.

A aprovação do Presidente Joe Biden foi confirmada esta sexta-feira à noite pelo Pentágono.

A decisão já tinha merecido, antes mesmo de confirmada, a oposição de alguns aliados, que ratificaram a Convenção sobre Munições de Dispersão, e também a neutralidade da NATO, que prepara uma importante cimeira a decorrer na próxima semana em Vilnius, tendo a Ucrânia no topo da agenda.

A ministra alemã dos Negócios Estrangeiros manifestou a oposição ao recurso a bombas de fragmentação, lembrando representar um dos 111 países que fazem parte do Acordo de Oslo e que ratificaram a referida convenção.

A posição germânica foi ainda reforçada pelo ministro da Defesa, Boris Pistorius, em declarações proferidas em Berna, na Suíça: "A Alemanha assinou a convenção, por isso, para nos não é uma opção."

A França, de acordo com o New York Times, também já se manifestou contra o uso deste tipo de armas, lembrando fazer parte, como Portugal, dos países que ratificaram a Convenção e aos quais se juntam mais 12 signatários, onde se inclui Angola.

Estados Unidos, Rússia e Ucrânia não fazem parte desta convenção contra o uso de armas de dispersão, que incluem as bombas de fragmentação.

Confrontado com esta decisão, agora oficializada pela Administração Biden, o secretário-geral da NATO disse que a Aliança, de que os EUA são parte muito importante, não tem posição sobre o tema.

Ainda assim, Jens Stoltenberg lembrou que as bombas de fragmentação já estão a uso na Ucrânia. 

"A Rússia têm as usado na invasão e a Ucrânia na defesa contra a agressão", argumentou o porta-voz da aliança euro-atlântica, acrescentado que o fornecimento destas munições à Ucrânia deve ser uma decisão de cada governo, deste caso do norte-americano.

O Presidente da Ucrânia, por seu turno, disse esta sexta-feira ser "difícil" combater a Rússia sem armas de longo alcance. "Sem armas de longo alcance, é difícil não só levar a cabo missões ofensivas, mas também, para ser honesto, operações defensivas", afirmou Zelenskyy ainda na capital da Chéquia.

O líder ucraniano admitiu estar "a discutir o assunto com os Estados unidos", mas sublinhou que a decisão de enviar ou não as armas de longo alcance cabe unicamente a Washington.

O Pentágono anunciou um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia, no valor de mais de 730 milhões de euros, incluindo as controversas munições de dispersão, suspeitas de terem sido usadas por exemplo no abate do avião civil MH17 sobre a Ucrânia ou no ataque russo à estação de Kramatorsk, em abril do ano passado.

As bombas de fragmentação são munições que antes do impacto no alvo se dividem em múltiplos explosivos e assim propagam a deflagração por uma área mais vasta, alcançando locais que outros tipos mais convencionais de projéteis não conseguem.

São munições conhecidas por fazerem muitos danos colaterais além dos alvos pretendidos. As munições nem sempre se ativam após disparadas, o que representa um perigo para os civis que venham a interagir com elas no solo, sobretudo crianças, alertam organizações de direitos humanos como a "Humans rights Watch".

Mais armas a caminho

Além das bombas de fragmentação definidas como "munições convencionais melhoradas de dupla finalidade (DPICM, na sigla anglófona), o novo pacote de ajuda militar às forças ucranianas, avaliado em mais de 730 milhões de euros, inclui também 155 milhões de projéteis de artilharia e ainda projéteis de artilharia com 105 milímetros de calibre.

No novo pacote militar americano rumo à Ucrânia seguem também mais sistemas de defesa antiaérea Patriot e munições para sistemas de artilharia de grande mobilidade, veículos blindados Stryker para transporte de soldados, munições aéreas de alta precisão, munições e sistemas de demolição para desobstruir vias e várias peças de substituição para recuperar diversos equipamento e ainda mecanismos de apoio operacional.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Aumenta o número de vítimas do ataque russo a Lviv

Biden apela à libertação de jornalistas no jantar dos correspondentes de imprensa

Senado dos EUA aprova pacote de ajuda militar para a Ucrânia, Israel e Taiwan