Senegal pronto para intervenção militar pró-democracia no Níger

Apoiantes da junta militar no poder manifestam-se em Niamey
Apoiantes da junta militar no poder manifestam-se em Niamey Direitos de autor AP Photo/Sam Mednick
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De  Francisco Marques
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Líderes do golpe de Estado resistem à pressão internacional e tentam reforçar apoio do Burkina Faso e do Mali, que têm a Rússia como aliada

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Os países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) mantêm a pressão sobre os líderes do golpe de Estado no Níger para devolverem o poder ao Presidente eleito Mohamed Bazoum.

O Senegal fez saber já esta tarde estar disponível para uma eventual intervenção militar no país se a CEDEAO decidir mesmo avançar para travar o golpe de Estado em curso.

A ministra dos Negócios Estrangeiros senegalesa, Aïssata Tall Sall, manifestou essa disponibilidade esta quinta-feira, citando os compromissos internacionais do país com a CEDEAO e o facto de se tratar de "um golpe (de Estado) a mais". 

"Por todas estas razões, os militares senegaleses irão [para o Níger]", assegurou Tall Sall, citada pela France Press.

O prazo para devolverem o poder a Bazoum termina a no domingo, 6 de agosto, mas os militares rebeldes resistem à pressão e reuniram-se mesmo com os governos do o Burkina Faso e do Mali, que apoiam o golpe, sob proteção da Rússia e com o grupo Wagner também partidário da junta militar nigerense agora no poder.

Também a Guiné-Conacri, outro país onde um golpe de Estado em 2021 colocou o poder nas mãos dos militares, manifestou o apoio à deposição do Presidente Bazoum e apelou à CEDEAO para "ter juízo", recusando aplicar ao Níger as sanções decididas pela comunidade.

A maioria dos países da África ocidental defende, porém, o regresso da democracia ao Níger e, numa reunião realizada quarta-feira, deixaram em aberto uma possível intervenção militar no país, o que aumentou a ira do líder do golpe perante a ameaça de uma iminente interferência estrangeira.

"O objetivo deles é humilhar as forças de defesa e segurança nigerenses, do próprio Níger e do seu povo. De facto, de forma consciente, as sanções económicas e financeiras que nos aplicaram têm o objetivo de empobrecer ainda mais a nossa população, gerar revolta no trabalho e provocar um impacto negativo na vida dos nigerenses", afirmou o brigadeiro general Abdourahmane Tchiani, que lidera o golpe de Estado em curso no Níger.

As sanções impostas podem, aliás, já estar a ser sentidas. Num mercado da capital Niamey, os consumidores já se queixam da subida dos preços.

E, entretanto, com muitos apoiantes da junta militar e da Rússia a manifestarem-se nas ruas de Niamey, a França diz ter terminado a operação de retirada de cidadãos europeus do Níger, incluindo oito dos 10 portugueses que manifestaram intenção de sair daquele país africano em ebulição.

"O número de cidadãos com nacionalidade portuguesa identificados é, neste momento, de 11. Dos dez que manifestaram interesse em sair do país, oito já foram retirados com sucesso", informou o Ministério português dos Negócios Estrangeiros, citado pela agência Lusa.

Outros países estão a seguir os mesmos passos, com o Reino Unido e os Estados Unidos a repatriarem inclusive algum pessoal das respetivas embaixadas.

O Presidente dos Estados Unidos exigiu, ainda, a "libertação imediata" do Presidente Bazoum, deposto na semana passada e desde então detido pela junta militar que assaltou o poder.

O povo do Níger tem o direito de escolher os seus dirigentes. Eles pronunciaram-se em eleições livres e justas e isso deve ser respeitado.
Joe Biden
Presidente dos Estados Unidos da América

"Apelo à libertação imediata do presidente Bazoum e da sua família, e à preservação da democracia duramente conquistada pelo Níger", afirmou Joe Biden, garantindo que os EUA se mantém "ao lado do povo do Níger, respeitando uma parceria de décadas enraizada em valores democráticos partilhados e no apoio ao governo civil."

Outras fontes • AFP, AP

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