"Agricultores guerreiros" é como se intitulam os participantes numa manifestação, terça-feira, em Bruxelas, insatisfeitos com as recentes alterações à Política Agrícola Comum (PAC) feitas pelos governos da UE para responder à vaga de protestos que decorre há meio ano.
"Não é suficiente. Houve pequenos desenvolvimentos, que ainda teremos de analisar, mas nesta fase não trarão nada a nível económico", disse Christian Convers, secretário-geral de Coordenação Rural, em entrevista à Euronews.
O protesto foi convocado por organizações próximas de partidos da extrema-direita e decorreu como um convívio, longe de reunir as 15 mil a 20 mil pessoas que foram anunciadas.
Não houve atos violentos, como registados em anteriores protestos, tendo os organizadores garantido que exigiram aos participantes que não se comportassem de forma radical.
A poucos dias das eleições europeias, os organizadores negam estar a promover o manifesto da extrema-direita, apesar dos oradores políticos pertencerem a essa ideologia.
Entre eles estiveram membros dos partidos ultraconservadores Lei e Justica (Polónia), Vlaams Belang (Bélgica) e Fórum para a Democracia (Países Baixos).
"Essa é uma mentira que ouvimos repetidas vezes. Somos uma organização que tem apenas agricultores como membros e organizámos este protesto com outras sete organizações. Não há política neste protesto e não há nada de extremo, exceto as pessoas que mentem", afirmou Sieta van Keimpema, da Força de Defesa dos Agricultores, grupo ativista agrícola nos Países Baixos na Bélgica.
Verdes criticam "manipulação"
A Copa-Cogeca, principal federação europeia de associações de agricultores da UE, não participou, nem quis comentar o evento.
O partido europeu dos Verdes criticou o que considera ser uma manipulação da questão agrícola, segundo cabeça de lista Bas Eickhout: “A extrema-direita tem alimentado os agricultores com a mentira de que a Europa e o Pacto Ecológico Europeu são os culpados pelas suas dificuldades".
"Um pequeno segmento dos agricultores adotou essas mentiras e ficou do lado da extrema-direita. Estamos dispostos a trabalhar com todos os agricultores que operam no quadro da democracia”, acrescentou o eurodeputado que é neerlandês.
As manifestações de agricultores, no último meio ano, levaram a Comissão Europeia e os governos da UE a suavizarem algumas regras da PAC, sobretudo ao nível de requisitos administrativos e regulamentação ambiental.