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Timor-Leste assinala 25 anos do referendo que levou o país à independência sobre a Indonésia

Mural com os líderes históricos em Manatuto, Timor-Leste: 4/08/2024
Mural com os líderes históricos em Manatuto, Timor-Leste: 4/08/2024 Direitos de autor  Manuel Ribeiro/Euronews
Direitos de autor Manuel Ribeiro/Euronews
De Manuel Ribeiro  & AP com Agências
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Depois de uma colonização de quase cinco séculos, pelos portugueses, e 24 anos de ocupação indonésia, o povo timorense foi chamado no dia 30 de agosto de 1999 para votar se queria livrar-se dos ocupantes ou manter-se sob a sua governação. 25 anos depois, ainda há muito para fazer.

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A determinação do seu povo e a ajuda da comunidade internacional ajudou Timor-Leste a tornar-se um país independente, mas, 25 anos depois, há muito para fazer.

"Timor-Leste ganhou a batalha da independência. Timor-Leste ganhou a batalha da democracia", mas "tem agora de ganhar a batalha do desenvolvimento", foi com estas palavras que o secretário-geral da ONU se dirigiu aos jornalistas depois do encontro com o primeiro-Ministro, Xanana Gusmão, no Palácio do Governo.

António Guterres foi um dos convidados a participar nas celebrações dos 25 anos da consulta popular que conseguiu libertar Timor-Leste das "garras" da Indonésia.

"Como Secretário-Geral das Nações Unidas, estou naturalmente orgulhoso pelo facto de as Nações Unidas terem estado ao lado do povo de Timor-Leste na luta pela independência e na consolidação da democracia. Mas Timor-Leste tem agora de ganhar a batalha do desenvolvimento. E quero dizer que as Nações Unidas, na sua capacidade limitada, mas com total empenhamento, estão inteiramente ao lado do Governo de Timor-Leste para apoiar a vitória na batalha do desenvolvimento de acordo com as estratégias do Governo de Timor-Leste”, disse Guterres.

Apesar da insegurança que se vivia, a 30 de agosto de 1999, milhares de pessoas dirigiram-se às mesas de voto para decidirem o futuro de Timor-Leste. Ninguém, nem o próprio presidente indonésio, que aceitou o referendo após longa batalha diplomática entre Portugal, Indonésia e as Nações Unidas, esperava tamanha afluência às urnas, cerca de 433.576 pessoas recensearam-se para votar no referendo, em apenas 22 dias, das quais mais de 95% votaram efetivamente.

O resultado, anunciado em simultâneo pelo chefe da missão das Nações Unidas em Timor-Leste (UNAMET), Ian Martin, e pelo secretário-geral Kofi Annan, em Nova Iorque, deu uns expressivos 78,5% contra a proposta pela autonomia e 21,5% a favor. Timor-Leste votava a favor da independência.

A luta pela sobrevivência e a vontade pela autodeterminação do povo timorense prevaleceu e com a ajuda da comunidade internacional, Timor-Leste conseguiu livrar-se da Indonésia, mas sem antes viver momentos de terror e violência causado pelas milícias apoiadas pelos indonésios o que levou à entrada de uma força militar internacional (INTERFET)l, liderada pela Austrália, para restabelecer a paz no território. As Nações Unidas geriram a crise até à restauração da independência em maio de 2002 e permaneceram no país com força de gestão e manutenção de paz até 2012.

Nesta sexta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas foi distinguido com o Grande Colar da Ordem de Timor-Leste, e concedida a nacionalidade timorense em reconhecimento pelo seu papel nos esforços diplomáticos que conduziram à realização do referendo, enquanto primeiro-ministro de Portugal em 1999.

Uma nação livre, jovem e tolerante, mas com muito para fazer

O KM 0 em frente ao Palácio do Governo, Díli, 30/07/2024
O KM 0 em frente ao Palácio do Governo, Díli, 30/07/2024 Manuel Ribeiro/Euronews

Ao fim de 25 anos como nação livre e democrática, Timor-Leste tem um longo caminho para percorrer, os obstáculos que enfrenta são imensos, desde a gestão sustentável do fundo petrolífero, ao desenvolvimento da indústria e do turismo. É preciso ultrapassar as lacunas no sistema de saúde, melhorar a educação e fomentar o emprego, sobretudo entre os mais jovens, reconheceu a presidente do Parlamento Nacional timorense.

“A pobreza ainda aflige muitos cidadãos, ainda há falta de oportunidades e emprego para os jovens, continuamos a ter desafios na educação académica e profissional, desafios no acesso universal aos cuidados de saúde”, afirmou Fernanda Lay, sublinhando que o país precisa de reduzir as importações e passar a produzir mais. A presidente do parlamento lembra o papel das mulheres que podem contribuir para a produção interna do país. Lay reconhece que não será uma missão fácil, mas lembrou que a conquista da independência “aconteceu contra todas as probabilidades”, disse a governanta, citada pela agência de notícias Lusa.

Atualmente, Timor-Leste é um país democrático e tolerante, “realiza eleições livres, com alternância de poder” e tem “uma sociedade civil muito ativa e liberdade de expressão”, disse o ex-chefe da UNAMET à Lusa. Contudo, a jovem nação continua a demonstrar pouca alternância no que diz respeito aos seus líderes. Nos últimos 25 anos, o líder da resistência Xanana Gusmão tem assumido vários papéis à frente do governo. Foi presidente da primeira República (2002) e primeiro-ministro por duas vezes (2007 e 2012), embora não consecutivas. Atualmente, volta a liderar o governo. O mesmo tem acontecido com José Ramos-Horta, que foi presidente em 2007 e volta a assumir a presidência da República pela segunda vez, também não consecutiva. É preciso “encontrar alternativas aos líderes históricos”, considera Ian Martin, depositando confiança de que isso vai acontecer, disse à Lusa em Díli.

O país também precisa de encontrar alternativas ao petróleo, o principal financiador do Estado, sendo este (Estado), um dos maiores empregadores do país, e combater importantes lacunas como a do sistema de saúde, onde o seu hospital central em Díli tem registado alegadas falhas no fornecimento de medicamentos e de profissionais de saúde, contudo o governo já reafirmou que o fornecimento está assegurado até 2025, após uma inspeção.

“Os medicamentos disponíveis no armazém do INFPM são suficientes para atender às necessidades nacionais até janeiro ou fevereiro de 2025”, pode ler-se no portal do governo timorense.

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