A seis meses das eleições europeias, as sondagens prevêem fortes resultados para a extrema-direita, que poderá subir a segunda força política no Parlamento Europeu.
O grupo de extrema-direita "Identidade e Democracia" (ID) e os democratas-cristãos eurocéticos "Conservadores e Reformistas Europeus" (CRE) poderão reunir apoio suficiente para igualar a dimensão do Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, atualmente o maior grupo do Parlamento, segundo as sondagens do Europe Elects, centro de estudos sedeado em Bruxelas, publicadas em dezembro.
Mas a sondagem também prevê que uma coligação informal entre o Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, com os Socialistas e Democratas (S&D), de centro-esquerda, e a Renew Europe (RE), de centro-liberal, poderia manter a atual confortável maioria absoluta, com 404 dos 705 lugares.
Mas esta coligação poderá enfrentar uma forte concorrência se os partidos de extrema-direita da Europa continuarem a ver o seu apoio crescer.
O ID, de extrema-direita mais arreigada, obtém 12% na projeção de assentos, de acordo com a sondagem da Europe Elects, atingindo o seu nível mais elevado desde fevereiro de 2020. O partido francês Reagrupamento Nacional, liderado por Marine Le Pen, e o partido italiano Liga, de Matteo Salvini (vice-primeiro-ministro), pertencem ao grupo.
Os CRE também registam uma ligeira subida, com 11%. O grupo tem sido impulsionado pelo recente sucesso eleitoral do seu partido Irmãos de Itália, cuja líder Giorgia Meloni se tornou a primeira mulher a ocupar a liderança do governo no país, em outubro de 2022. O partido Lei e Justiça, da Polónia, e o partido de extrema-direita Vox, de Espanha, também pertencem ao CRE.
Que coligações?
"Se combinássemos os dois [ID e CRE], pondo de lado a probabilidade de estes dois formarem um grupo, que é uma das coisas que as pessoas estão a discutir, teríamos um resultado de 23%, o que seria, mais ou menos, o mesmo que o resultado do Partido Popular Europeu, de centro-direita", disse Jakub Rogowiecki, analista da Europe Elects, à Euronews.
Mas há barreiras à união dos partidos de extrema-direita, nomeadamente, as suas diferenças ideológicas em questões que vão desde a guerra na Ucrânia, à migração, ou mesmo à integração europeia.
"Isto poderia levar a uma cooperação em questões específicas para mudar o tom e as decisões a nível europeu, bem como a uma mudança geral nas políticas de direita", explicou Rogowiecki.
"Questões como a migração, em especial, são um dos principais factores que levam as pessoas a escolher essas forças políticas. Assim, mesmo que não haja uma fusão entre o CRE, o ID e o Fidesz (partido conservador húngaro que está como não filiado depois de sair doPPE), isto poderia certamente afetar a coligação que poderia ser formada nas próximas eleições", refere o analista.
O papel do PPE
Manfred Weber, presidente do PPE, por exemplo, tem insistido nacooperação com o CRE, nos últimos meses. Weber tem defendido, no Parlamento Europeu, que se conclua o Novo Pacto sobre Migração e Asilo antes de os europeus irem às urnas, para que os governos tenham algo para mostrar aos eleitores cépticos.
A abordagem de Weber tem sido criticada pelos socialistas e pelos verdes como uma tentativa de pacificar a extrema-direita e imitar a sua agenda radical sob um verniz de centrismo.
Mas vários partidos que pertencem ao PPE celebraram, nos últimos anos, acordos de coligação com formações de extrema-direita para chegarem ao poder.
Não são apenas os partidos que estão divididos, mas também os Estados-membros europeus. O voto para as eleições europeias passa pela perspetiva nacional - que muitas vezes pode ser muito diferente entre os Estados-membros.
O aumento da extrema-direta vai ser testado em Portugal ja nas eleições legislativas antecipadas de março.
A sondagem da Aximage para a TSF-JN-DN, no ultimo dia de dezembro, coloca o Chega em terceiro lugar, com cerca de 16% dos vortos, confirmando uma tendência que vem sendo desenhada há meses.