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Eleições europeias: Três fatores que podem mudar o quadro político da UE

Um homem caminha em direção a um cartaz eleitoral no exterior do Parlamento Europeu, em Bruxelas, na segunda-feira, 29 de abril de 2024. As eleições europeias realizar-se-ão de 6 a 9 de junho de 2024
Um homem caminha em direção a um cartaz eleitoral no exterior do Parlamento Europeu, em Bruxelas, na segunda-feira, 29 de abril de 2024. As eleições europeias realizar-se-ão de 6 a 9 de junho de 2024 Direitos de autor Virginia Mayo/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.
Direitos de autor Virginia Mayo/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.
De  Mared Gwyn Jones
Publicado a Últimas notícias
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Artigo publicado originalmente em inglês

As sondagens prevêem que os eleitores se inclinem para a direita, o que alteraria o equilíbrio de poderes das instituições da UE, sedeadas em Bruxelas.

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Cerca de 373 milhões de europeus serão chamados às urnas, entre 6 e 9 de junho, para eleger 720 deputados ao Parlamento Europeu. As sondagens sugerem que as forças tradicionais e centristas estão sob pressão, à medida que os eleitores se inclinam para a extrema-direita.

Há quem diga que isso poderá alterar a relação de forças no Parlamento Europeu e dar aos legisladores de direita mais influência do que nunca sobre as políticas do bloco, nomeadamente em questões tais como a migração, o clima, a agricultura, o comércio e a tecnologia.

Mas muito dependerá do que vai acontecer na noite das eleições - e da intermediação do poder político após a votação.

A Euronews analisa três fatores a ter em conta nas eleições.

1. A extrema-direita vai subir na votação?

As forças de extrema-direita, que fazem campanha com base em promessas de reduzir a migração, recuar na ação climática e restaurar a chamada soberania das nações europeias, estão a ver o seu apoio aumentar em todos os cantos do continente.

No Parlamento Europeu, as forças radicais de direita estão divididas por duas bancadas: o nacionalista Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), que inclui os Irmãos de Itália (FdI), liderado por Giorgia Meloni, e o Lei e Justiça (PiS) da Polónia, e o mais radical Identidade e Democracia (ID), que inclui o Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen, e o Partido da Liberdade (PVV), do neerlandês Geert Wilders.

A Super Sondagem da Euronews prevê que, em conjunto, poderão obter até 20% do total de assentos no próximo Parlamento Europeu. A direita radical está também em vias de ganhar o voto em cerca de seis Estados-membros - incluindo a Bélgica, a França e a Itália.

Mas a ala direita do Parlamento Europeu está profundamente dividida e desorganizada. Mesmo que as previsões das sondagens se concretizem na noite das eleições, estes partidos terão deencontrar unidade se quiserem exercer a maior influência na cena europeia.

Em Itália, Giorgia Meloni foi considerada uma " kingmaker" após as eleições, já que figuras de vários partidos lutam pelo seu apoio. Em primeiro lugar, Ursula von der Leyen, candidata pelo Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, para presidente da Comissão Europeia, manifestou abertamente a sua vontade de chegar a acordos com Meloni, podendo contar com o apoio dos seus deputados dos Irmãos de Itália para garantir um segundo mandato.

A atitude suscitou a indignação dos aliados tradicionais do PPE, no centro-esquerda e no centro.

Ao mesmo tempo, a francesa Marine Le Pen está também a cortejar Meloni para unir as forças de direita do Parlamento Europeu numa aliança de extrema-direita, que poderia incluir partidos sem família política no Parlamento Europeu, tais como o Fidesz, do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, que estão como não-inscritos.

Este grupo poderá demorar meses a formar-se, mas se estes partidos conseguirem ultrapassar as suas diferenças, poderão tornar-se na segunda maior força política do Parlamento Europeu.

2. A coligação de centro vai manter-se?

Durante décadas, o Parlamento Europeu conseguiu aprovar leis porque os partidos pró-europeus do centro concordaram em trabalhar em conjunto.

O PPE, de centro-direita, o liberal Renovar a Europa e os Socialistas e Democratas (S&D), de centro-esquerda, conseguiram obter uma maioria confortável e contaram também com os Verdes para algumas votações importantes.

Isto não significa que tenham votado sempre em conjunto em todos os dossiês legislativos, mas sim que formaram coligações "ad-hoc" para garantir que o trabalho do parlamento como co-legislador pudesse decorrer sem problemas.

No entanto, as sondagens prevêem que esta coligação de partidos será mais pressionada do que nunca. O descontentamento com os partidos tradicionais no poder está a levar cada vez mais eleitores a olhar não só para a direita radical, mas também para a esquerda radical.

A Super Sondagem da Euronews sugere que os três maiores grupos do Parlamento Europeu continuarão a manter a maioria dos lugares, mas é provável que essa maioria seja mais reduzida, num sinal de que o centro está a perder o seu apelo.

Esta tendência é mais evidente em países como a França, onde o Reagrupamento Nacional, de extrema-direita, tem vindo a acumular, lenta mas firmemente, uma sólida base eleitoral em detrimento dos partidos tradicionais.

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3. O que acontece no dia seguinte?

O futuro do Parlamento Europeu e das instituições da UE em geral pode depender tanto do resultado da votação como das negociações políticas durante as semanas e meses seguintes.

O resultado das eleições deverá influenciar quem será o próximo presidente da Comissão Europeia, o poderoso braço executivo da UE.

Durante a última década, o bloco tentou apoiar o chamado sistema Spitzenkandidaten, em que as famílias políticas europeias apresentam um candidato principal para presidir à Comissão Europeia.

Com o PPE mais ou menos garantido como a maior bancada, no final da noite eleitoral, a sua candidata, Ursula von der Leyen, deverá estar na linha da frente para garantir um segundo mandato no cargo.

Mas von der Leyen precisará do apoio da maioria absoluta dos eurodeputados para garantir o cargo, o que poderá ser difícil se os seus aliados tradicionais lhe virarem as costas devido às suas recentes aberturas a Giorgia Meloni e à extrema-direita.

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A votação no Parlamento Europeu está prevista para setembro e terá lugar por voto secreto. Algumas delegações nacionais na bancada do PPE deverão, mesmo, votar contra ela, como é o caso do partido de centro-direita francês Os Republicanos.

Mas os líderes da UE também podem optar por nomear um candidato completamente novo, como fizeram em 2019, o que significa que um rosto inesperado também pode ser lançado para o cargo mais influente da UE.

As eleições desencadearão uma corrida mais ampla a outros cargos de topo em Bruxelas, tais como o presidente do Conselho Europeu - atualmente ocupado pelo antigo primeiro-ministro belga, Charles Michel - e o principal diplomata que dirige o Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE), atualmente o socialista espanhol, Josep Borrell.

A distribuição destes cargos exige um delicado equilíbrio entre género, representação geográfica e filiação política. Os dirigentes da UE deverão reunir-se duas vezes, em Bruxelas, no final de junho, para discutir as suas escolhas para os três cargos.

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