Segundo a ONU, o número, que representa o dobro do registado há 10 anos, teria sido muito maior sem a pandemia de Covid-19.
Apesar da pandemia, em 2020 houve 82 milhões de pessoas, em todo o mundo, a mudar de região ou de país, das quais três milhões obrigadas pela guerra, violência ou fome. Ou seja, o dobro dos números de há dez anos. Os dados foram agora publicados num relatório pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.
Para o alto-comissário, mais do que a migração entre países, é a migração interna, mais difícil de quantificar e analisar, que preocupa: "Falar de deslocados internos é por vezes ainda mais difícil do que falar do tema dos refugiados, porque são pessoas que estão no meio do conflito. Pensem no Iémen, no Tigré, no Afeganistão. A tendência que observámos nos últimos anos cresceu e é preocupante. O número de deslocados internos neste relatório é de quase 50 milhões", diz Filippo Grandi.
Entre aqueles que foram forçados a deixar o seu país, os sírios são o maior grupo e representam 6,8 milhões de pessoas, seguidos pelos palestinianos e pelos venezuelanos.
Novas crises, como a guerra do Tigré, na Etiópia, ou a violência jihadista no norte de Moçambique, provocaram também um grande número de deslocados. Filippo Grandi faz notar que, sem a pandemia, os números teriam sido bastante mais altos. Diz que muitos daqueles que não puderam viajar devido ao fecho das fronteiras o vão fazer assim que elas abrirem.
O alto-comissário fez ainda uma crítica ao que chama "atitude egoísta de construir muros para parar as migrações".