Líder da oposição bielorrussa falou em exclusivo com a Euronews em Atenas.
O governo bielorrusso quer "chantagear a Europa usando os migrantes", diz a chefe da oposição do país, Sviatlana Tsikhanouskaya.
Numa entrevista à euronews em Atenas, Tsikhanouskaya explicou como o regime de Alexander Lukashenko coloca pressão sobre as fronteiras europeias.
"Todos aqueles grupos de pessoas que vêm para as fronteiras, vêm com pessoas do KGB, com bielorrussos. São seguidos por pessoas do sistema. Por isso, são grupos organizados. Para a Europa, saber o que fazer com estas pessoas é uma questão difícil, porque estes migrantes são também reféns do sistema. Não são culpados de terem sido vítimas deste regime. Mas não se deve permitir que o regime chantageie a Europa", disse.
A oposição bielorrussa não vai reconhecer o resultado do referendo constitucional previsto pelo presidente Lukashenko, que procura legitimar uma redistribuição de poderes e estabelecer um novo órgão de governo - a Assembleia Popular de Toda a Bielorrússia.
Tsikhanouskaya diz que a introdução deste órgão não é mais que atirar areia para a vista, por parte do regime: "Toda a gente na Bielorrússia compreende que este referendo é como atirar areia para os olhos da Europa. Querem mostrar que fazem reformas democráticas, mas penso que as pessoas vão ficar tão assustadas por causa da violência que ninguém vai votar".
Sviatlana Tsikhanouskaya regressou a Atenas, seis meses depois de ter participado num outro fórum, em que estavam também presentes Roman Protasevich e Sofia Sapega, presos quando o avião que os transportava de regresso foi desviado e obrigado a aterrar em Minsk. Ainda está aberta uma investigação sobre o que exatamente aconteceu.
"Estamos à espera dos resultados oficiais da investigação da Organização Internacional da Aviação Civil. Depois disso, tiraremos conclusões, para que os culpados possam ser levados à justiça", disse a opositora bielorrussa.
Sviatlana Tsikhanouskaya encontrou-se com o Ministro grego do Interior, Makis Voridis, para discutir a possibilidade de iniciar um processo penal internacional pelo sequestro do avião da Ryanair em que foram presos Protasevich e Sapega.