O ministério dos Negócios Estrangeiros britânico também associou a agência de informação russa a uma campanha de sabotagem cibernética na Europa e nos EUA, visando instituições, eleições e programas de saúde pública.
O Reino Unido sancionou, na sexta-feira, 18 oficiais e três unidades da agência de informação militar russa (GRU) pelo seu papel num ataque aéreo em 2022 a um teatro na Ucrânia que matou centenas de civis.
O ministério das Relações Exteriores, Commonwealth e Desenvolviment(FCDO) afirmou que o pessoal da GRU visado foi responsável pelos preparativos que levaram ao bombardeamento do Teatro Mariupol, onde os civis se refugiaram e pintaram a palavra "crianças" no exterior em letras grandes, na esperança de dissuadir os ataques.
O ataque de 16 de março de 2022 terá matado cerca de 600 pessoas, incluindo muitas crianças, de acordo com uma investigação da Associated Press.
As autoridades ocidentais acusaram a Rússia de mais de 70 ataques desde 2022, com o objetivo de desestabilizar a Europa. "Os espiões do GRU estão a conduzir uma campanha para desestabilizar a Europa, minar a soberania da Ucrânia e ameaçar a segurança dos cidadãos britânicos", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, David Lammy.
O Reino Unido alega que a Unidade 26165 do GRU efetuou o reconhecimento online de abrigos anti-bombas civis em Mariupol e Kharkiv nos dias que antecederam o ataque.
Para além do seu papel na Ucrânia, os oficiais são acusados de operações anteriores, incluindo o ataque à família do ex-espião russo Sergei Skripal, envenenado juntamente com a sua filha com veneno Novichok, em Salisbury, em 2018.
A mesma unidade GRU terá utilizado malware em 2013 para espiar a conta de correio eletrónico da filha de Skripal, Yulia.
O FCDO descreveu a Unidade 26165 como um "ciberator altamente sofisticado e bem estabelecido", envolvido na recolha de informações e em operações de hacking e fuga de informação contra a Ucrânia, a NATO e países europeus.
Também associou a unidade a ciberataques ao Partido Democrata dos EUA em 2016, à campanha do presidente francês Emmanuel Macron em 2017 e à tentativa de interferência nos Jogos Olímpicos de Paris de 2024.
Outra divisão do GRU, a Unidade 74455, terá lançado ciberataques contra o ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido e o Laboratório de Ciência e Tecnologia da Defesa durante a investigação do caso Skripal.
O Centro Nacional de Cibersegurança do Reino Unido acrescentou que os piratas informáticos russos desenvolveram malware concebido para obter acesso não autorizado a contas na nuvem da Microsoft.
As sanções de sexta-feira também visaram a Iniciativa Africana, um meio de comunicação alegadamente utilizado pelos serviços secretos russos para conduzir campanhas de desinformação em África, incluindo esforços para enfraquecer os programas de saúde pública e desestabilizar os governos locais.
Embora o impacto imediato das sanções - tipicamente o congelamento de bens e a proibição de viajar - possa ser limitado, as autoridades britânicas afirmaram que o seu objetivo é aumentar o custo do envolvimento em atos hostis e restringir as viagens internacionais.