O secretário-geral agradeceu a confiança da Aliança e recebeu fortes elogios a dias de uma importante cimeira às portas da Rússia e da Bielorrússia
Os 31 membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla anglófona) decidiram prolongar por mais um ano o mandato do norueguês Jens Stoltenberg como secretário-geral.
Em comunicado, "os aliados agradecem ao secretário-geral pela liderança e compromisso, cruciais para preservar a união transatlântica perante desafios de segurança sem precedentes".
O porta-voz da Aliança mostrou-se, por seu lado, "honrado" pela decisão coletiva de se manter no cargo até 1 de outubro de 2024.
Stoltenberg, de 64 anos, enalteceu ainda "o laço transatlântico entre a Europa e a América do Norte" como garante da "liberdade e a segurança" dos respetivos membros "durante quase 75 anos".
A dias de uma importante cimeira da NATO em Vilnius, na Lituânia, perto da fronteira com a Bielorrússia e não muito longe do enclave russo de Kaliningrado, a extensão do mandato de Stoltenberg mereceu, na União Europeia, as "felicitações" de Ursula von der Leyen.
"Nestes tempos extraordinários, são excelentes as notícias de que a Aliança pode continuar a beneficiar da sua experiência e liderança. Vamos continuar a reforçar a parceria UE-NATO", expressou a Presidente da Comissão Europeia.
Dos Estados Unidos surgiram também palavras elogiosas do Presidente Joe Biden. "Com a sua firme liderança, experiência e julgamento, o secretário-geral Stoltenberg trouxe a nossa aliança através dos maiores desafios de segurança europeia desde a a Segunda Guerra Mundial", afirmou Biden, que espera "poder continuar a trabalhar com Stoltenberg para reforçar ainda mais a Aliança na cimeira de Vilnius".
A NATO cresceu este ano para 31 membros e tem mais um com pé e meio dentro, a Suécia, num processo de adesão que necessita de unanimidade, mas que ainda está bloqueado pela Turquia e por isso continua nas mãos de Stoltenberg.
O secretário-geral terá de trabalhar pela coesão dos membros numa altura em que a invasão russa da Ucrânia parece aproximar-se de um volte-face, embora o fim da guerra se mantenha por enquanto uma miragem.
Os aliados mantém-se ao lado da Ucrânia, que reclama já na cimeira de Vilnius um convite formal para iniciar o processo de adesão à NATO, embora tal seja impossível enquanto estiver em guerra.
Sem referir esse convite reclamado há poucos dias pelo Presidente Zelenskyy, o primeiro-ministro ucraniano disse tratar-se de "uma excelente notícia" a extensão do mandato de Stoltenberg.
"Tempos difíceis exigem uma liderança forte e Jens Stoltenberg já a demonstrou. Estou ansioso de podermos dar continuidade à nossa cooperação", expressou Dmytro Kouleba.
De qualquer maneira o território agora a ser gerido defensivamente pela organização liderada por Stoltenberg, e afeto ao já famoso artigo 5.° da NATO, passou a incluir a Finlândia e, com ela, mais 900 quilómetros de fronteira terrestre com a Rússia, o confesso arqui-inimigo dos aliados.
Jens Stoltenberg foi eleito pela primeira em 2014 para um mandato de quatro anos como secretário-geral da NATO. Foi reeleito em 2018 para mais quatro anos. Em outubro do ano passado, já num contexto de grande insegurança internacional devido à invasão russa da Ucrânia, foi reconduzido para mais um ano excecional.
Agora, ainda com o mesmo contexto militar internacional e sem consenso entre os membros sobre o nome de um sucessor (primeira-ministra da Dinamarca, ministro da Defesa britânico e primeira-ministra da Estónia estão entre os alegados candidatos), a manutenção de Stoltenberg por mais um ano foi o acordo possível.
Mas será um ano, prevê-se, ainda de grande tensão na frente leste da NATO.